segunda-feira, 30 de julho de 2007

A ignorância da raiva

Imagine-se andando com os braços carregados de compras do supermercado. Então, alguém grosseiramente colide, fazendo você e as compras caírem no chão. Assim que você se levanta da poça de ovos quebrados e massa de tomate, está pronto para gritar: “Imbecil! O que há de errado com você? Está cego?”.

Mas antes mesmo que possa tomar fôlego para falar, você vê que a pessoa realmente é cega. Ele, também, está esparramado na poça. Sua raiva some em um instante, para ser substituída por preocupação bondosa: “Você está machucado? Deixe eu te ajudar”.

Nossa situação é como essa. Quando claramente compreendemos que a fonte da desarmonia e dor no mundo é a ignorância, podemos abrir a porta da sabedoria e compaixão. Então, ficamos em uma posição adequada para curar a si mesmo e aos outros.

Extraído do site Samsara

Um comentário:

Milena Teixeira disse...

Caramba! Lembrei de um livro do José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira, que de forma implícita aborda os "pseudocegos" do dia-a-dia. Nós tb, mesmo possuindo todos os sentidos, nos fazemos cegos, surdos, mudos e inertes ao sofrimento e necessidade do próximo. Ou ainda, não "vemos" que nossos conceitos, valores e vontades não devem existir em detrimento aos dos demais. E tendo a coragem e a sabedoria (pode soar paradoxal) de nos reconhecermos falíveis e ignorantes, que saibamos tb compreender e tolerar o outro nas suas falhas e ignorâncias.
Parabéns, Sérgio, por nos proporcionar esse momento de reflexão!