domingo, 29 de outubro de 2006

Torne-se um lago

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse.
“Qual é o gosto?” perguntou o Mestre.
“Ruim” disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.
Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:
“Beba um pouco dessa água”.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:
“Qual é o gosto?”
“Bom!” disse o rapaz.
“Você sente o gosto do sal?” Perguntou o Mestre.
“Não” disse o jovem.
O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:
“A dor na vida de uma pessoa é inevitável. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Então, quando você sofrer, a única coisa que você deve fazer é aumentar a percepção das coisas boas que você tem na vida.
Deixe de ser um copo. Torne-se um lago”.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

De quem é a culpa

Um budista leigo estava andando pela margem de um rio quando viu um barqueiro empurrando uma barca em direção ao rio, para que ele pudesse atravessar alguns passageiros.
Aconteceu de um mestre Châ-an (o mesmo que Zen no Japão) passar por perto. O budista leigo aproximou-se do Mestre e perguntou: “Mestre, aquele barqueiro matou diversos caranguejos e camarões pequenos enquanto estava empurrando sua barca para o rio. A culpa é dos passageiros ou do barqueiro?”.
O Mestre retorquiu sem hesitar: “A culpa não é nem dos passageiros nem do barqueiro!”
O budista leigo não entendeu, por isso perguntou novamente: “Se a culpa não é de nenhum deles, então de quem é?”
O Mestre replicou incisivamente: “A culpa é sua!”.

Flores e arroz

Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês deixando um prato de arroz na lápide ao lado. Ele se vira para o chinês e pergunta:

- Desculpe, mas o senhor acha mesmo, que o defunto virá comer o arroz?

E o chinês responde:

- Sim, quando o seu vier cheirar as flores…

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Mantra

Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração… Acordará

Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência… Adormecerá

E acordará no mesmo lugar
Do ar até o arterial
No mesmo lar, no mesmo quintal
Da alma ao corpo material

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando não se têm mais nada
Não se perde nada
Escudo ou espada
Pode ser o que se for… Livre do temor

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá… Para dar amor

Amor dará e receberá
Do ar, pulmão; da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão do tempo espiral

Amor dará e receberá
Do braço, mão; da boca, vogal
Amor dará e receberá
Da morte o seu guia natal

Adeus dor

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Nando Reis / Arnaldo Antunes

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Desfazendo equívocos

Se você quer milagres, não procure o buddhismo. O supremo milagre para o buddhismo é você lavar seu prato depois de comer.

Se você quer curar seu corpo físico, não procure o buddhismo. O buddhismo só cura os males de sua mente: ignorância, cólera e desejos desenfreados.

Se você quiser arranjar emprego ou melhorar sua situação financeira, não procure o buddhismo. Você se decepcionará, pois ele vai lhe falar sobre desapego em relação aos bens materiais. Não confunda, porém, desapego com renúncia.

Se você quer poderes sobrenaturais, não procure o buddhismo. Para o buddhismo, o maior poder sobrenatural é o triunfo sobre o egoísmo.

Se você quer triunfar sobre seus inimigos, não procure o buddhismo. Para o buddhismo, o único triunfo que conta é o do homem sobre si mesmo.

Se você quer a vida eterna em um paraíso de delícias, não procure o buddhismo, pois ele matará seu ego aqui e agora.

Se você quer massagear seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, não procure o buddhismo. A casa de Buddha não é a casa da inflação dos egos.

Se você quer a proteção divina, não procure o buddhismo. Ele lhe ensinará que você só pode contar consigo mesmo.

Se você quer um caminho para Deus, não procure o buddhismo. Ele o lançará no vazio.

Se você quer alguém que perdoe suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, não procure o buddhismo, pois ele lhe ensinará a implacável Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocrítica consciente e profunda.

Se você quer respostas cômodas e fáceis para suas indagações existenciais, não procure o buddhismo. Ele aumentará suas dúvidas.

Se você quer uma crença cega, não procure o buddhismo. Ele o ensinará a pensar com sua própria cabeça.

Se você é dos que acham que a verdade está nas escrituras, não procure o buddhismo. Ele lhe dirá que o papel é muito útil para limpar o lixo acumulado no intelecto.

Se você quer saber a verdade sobre os discos voadores ou sobre a civilização de Atlântida, não procure o buddhismo. Ele só revelará a verdade sobre você mesmo.

Se você quer se comunicar com espíritos, não procure o buddhismo. Ele só pode ensinar você a se comunicar com seu verdadeiro eu.

Se você quer conhecer suas encarnações passadas, não procure o buddhismo. Ele só pode lhe mostrar sua miséria presente.

Se você quer conhecer o futuro, não procure o buddhismo. Ele só vai lhe mandar prestar atenção a seus pés, enquanto você anda.

Se você quer ouvir palavras bonitas, não procure o buddhismo. Ele só tem o silêncio a lhe oferecer.

Se você quer ser sério e austero, não procure o buddhismo. Ele vai ensiná-lo a brincar e a se divertir.

Se você quer brincar e se divertir, não procure o buddhismo. Ele o ensinará a ser sério e austero.

Se você quer viver, não procure o buddhismo, pois ele o ensinará a morrer.

Se você quer morrer, não procure o buddhismo, pois ele o ensinará a viver.

Reverenda Yvonette Silva Gonçalves
Buddha Amitabha – O Buddhismo da Terra Pura